«A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, estimulando concomitante e muito intensamente o debate dentro daquele espectro... Isto dá às pessoas a sensação de que o livre pensamento está pujante, e ao mesmo tempo os pressupostos do sistema são reforçados através desses limites impostos à amplitude do debate».Noam Chomsky

"The smart way to keep people passive and obedient is to strictly limit the spectrum of acceptable opinion, but allow very lively debate within that spectrum - even encourage the more critical and dissident views. That gives people the sense that there's free thinking going on, while all the time the presuppositions of the system are being reinforced by the limits put on the range of the debate." – Noam Chomsky

It will reopen now and then.



26 de março de 2007

Estou triste




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"Até que enfim que apareceu um pequeno sinal certo, talvez na hora certa!".

Ter-me-ia dito, hoje, um amigo que, anos atrás, desiludido com o incumprimento das promessas apregoadas nos pós 25 de Abril, me confidenciou: "Precisamos de uma Revolução a sério, pá!Tomara eu de volta o 24 de Abril, para varrermos com os filhotes do salazarismo, que tomaram de novo conta das nossas vidas!"

E isto foi quando ainda o descalabro não era tamanho.
Quando ainda o Estado não tinha ensaiado a protecção despudorada aos todo-poderosos do grande capital, aos pedófilos e aos corruptos.

Quando ainda o Estado se dizia empenhado em fazer da cultura, da saúde e do emprego, uma bandeira.

A prática salazarenta, afinal, como dizia o meu amigo, sempre esteve presente na governação e na maior parte dos meios de informação públicos e privados. E até em algumas escolas.

Acabo de ver o ar sorridente da Maria Elisa, na televisão. O programa "O melhor português de sempre" tinha chegado ao fim.

A Europa também vai sorrir.

Sim, a Europa. A Europa do grande capital e dos nazi-fascistas.

A outra Europa vai estranhar e ficar triste, mesmo sabendo do nosso proverbial atraso em quase todos os domínios.

O meu amigo, esse, se fosse vivo, também iria sorrir, mas por razões diferentes...

18 de março de 2007

O pesadelo (Wrong Way)


Esta noite tive um pesadelo.

Sonhei com um país com o qual Portugal não podia manter relações comerciais.

Um país onde, por um lado, havia restrições (em catadupa) destinadas aos mais desfavorecidos e, por outro, havia o alargamento de regalias de que gozavam apenas pequenas minorias.

Para os primeiros, eram maternidades que fechavam; eram serviços de urgência que encerravam; eram consulados que desapareciam; eram impostos e preços de bens que subiam; eram ordenados congelados; eram fábricas que se deslocalizavam; eram empregos que faltavam; eram... etc., etc.

Para os segundos, eram os elevados privilégios fiscais que se mantinham; era a melhoria das leis para defesa dos seus interesses; eram promessas de virem a gerir os serviços nacionais de saúde; eram... etc., etc.

Nesse pesadelo dei comigo a perguntar-me:

"Como seria este país se todos, os que ainda têm emprego, deixassem de trabalhar durante seis meses e passassem a sustentar os seus filhos através da sua força de trabalho, por conta própria, na lavoura ou na pesca ?"

Estava certo de que o país pararia, literalmente.

Mas seria que o país se desmonorava se apenas patrões e muitos políticos fossem de férias?

Não, não paralizaria. Funcionaria com menos burocracia, talvez um pouco anarquicamente, mas funcionaria.

Por isso apeteceu-me, nesse pesadelo, dizer a quem nos governava e a quem nos empregava:

"Tenham cuidado rapazes, olhem que nós podemos acordar!"

História do Fado: AQUI

9 de março de 2007

Chácara ou Paraíso?

pobre, depois de uma "queda" numa grande superfície comercial


Há dias em que uma pessoa, ao ler uma notícia, fica logo irritada pela manhã.

E isso tem-me sucedido, ultimamente, com uma frequência preocupante.

Hoje porém, dou graças a Deus por me terem poupado a mais um desses dias.

Acabo de ler que o novo Código Penal prevê que crimes de furto simples deixem de ser, na prática, crime.

Nos casos em que, por exemplo, um pobre "roube", de cada vez, nos armazéns do Belmiro de Azevedo, bens que não ultrapassem 96 euros, este, que não é parvo, não vai chatear-se com isso.

Isto porque, para ser ressarcido do valor roubado, teria que dispor de perto de 200 euros para constituição de assistente e outras despesas de tribunal.


Eu já era uma grande admiradora do outro Engenheiro mas agora vou-me inscrever no seu clube de fans.


Os ricos que paguem a crise, já que não se vislumbra a década em que o desemprego e miséria deixem de crescer nesta Chácara transformada agora em Paraíso.

Só me chatearia se os pequenos comerciantes, em vias de falência, pudessem vir também a ser alvo desses pequenos (?) desvios diários, perpetrados por mendigos não sensíveis a questões de solidariedade.

Mas para estes comerciantes, que também não são parvos, resta-lhes sempre a alternativa de irem aos Continentes...

Se não se prendem os ladrões ricos, porque se haviam de prender os ladrões pobres?...
O Governo tem tudo previsto.


Z'défa Fava
(enga. obras feitas)
Nota: concorra às quadras AQUI.

1 de março de 2007

A Chácara

Tive um amigo, mais velho, que me dizia não ser Portugal um país.

"Portugal é uma Chácara", dizia ele, com seu ar carrancudo de anti-comunista convicto.

Dizía isso para me irritar. Ele sabia como "levar-me aos arames".

Hoje, decorridos muitos anos depois da sua "partida", tenho que reconhecer que que o meu amigo tinha razão.

Mas a culpa não é do País . A culpa é da maioria dos portugueses.

Enquanto consentirmos, votando, que se cometam arbitrariedades (em defesa de interesses ideológicos, políticos e económicos das minorias), não podemos considerar-nos cidadãos de corpo inteiro.

Ideologicamente, Sousa Lara (o tal das negociatas da "Moderna"), num governo de Cavaco Silva, cometeu, há tempos, um tremendo crime cultural.

Ao negar-se a apresentar a candidatura de José Saramago ao Prémio Nobel, só (?) porque este escreveu um livro cujo título (O Evangelho segundo Jesus Cristo) não lhe agradava, cometeu uma "revanche" bacôca, sem precedentes.

Pacoviamente, agora ao nível da blogolândia, temos seguidores de Sousa Lara:

Hoje li, por acaso, um "comment" sobre o nosso Prémio Nobel, postado em 28.12.2006, que nos define bem, a quase todos nós:

-" É uma opinião. Para mim, alguém que é comuna é à partida má pessoa antes de tudo!(...) ".

O que me valeu foi ter lido a seguir, para meu conforto, o que singela e signigicativamente fizeram ao nosso Saramago, numa cidade de Espanha.
Tenho a certeza de que o meu amigo, se fosse vivo e do que precede tivesse conhecimento, me diria assim, quando me encontrasse, apesar do seu anti-comunismo convicto:
- "Mas a Espanha é um país, meu amigo!..."

ver também: Clique AQUI.