«A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, estimulando concomitante e muito intensamente o debate dentro daquele espectro... Isto dá às pessoas a sensação de que o livre pensamento está pujante, e ao mesmo tempo os pressupostos do sistema são reforçados através desses limites impostos à amplitude do debate».Noam Chomsky

"The smart way to keep people passive and obedient is to strictly limit the spectrum of acceptable opinion, but allow very lively debate within that spectrum - even encourage the more critical and dissident views. That gives people the sense that there's free thinking going on, while all the time the presuppositions of the system are being reinforced by the limits put on the range of the debate." – Noam Chomsky

It will reopen now and then.



8 de janeiro de 2007

Professoras de pêlo na venta

(conclusão)


Além de covarde, aquela senhora professora é também o espelho vivo da falta de rigor a que terá chegado a arte de educar e instruir neste nosso Portugal triste e quase sem esperança.
Já no começo do século passado pedagogos alertavam para as sequelas psicológicas causadas pelos maus tratos dos professores aos alunos.
Essa professora(?) e a sua directora, podem até desconhecer Maria Montessori ou Célestin Freinet, mas tinham obrigação de saber que, no ser humano, violência gera traumas, gera de novo violência.
É covardia a agressão a uma criança, já por natureza indefesa, mesmo quando ela se revela irrequieta e indisciplinada.

-S'tôras! Falem a esse menino, pedindo-lhe desculpa, olhos nos olhos... falem-lhe com afectividade, tenham alguma paciência... mesmo que seja contra a vossa natureza!

Porque se o fizerem, verão de novo honrados os vossos diplomas e profissão, que conseguiram com o vosso esforço, mas também com os impostos de todos os trabalhadores portugueses.
Xequim Sêco

gil

13 comentários:

Anónimo disse...

Não reconheço essa pessoa como colega de profissão.

um abraço.

zé lérias (?) disse...

Eu bem sei, Jorge!

Nunca foi minha intensão atacar a vossa respeitabilíssima profissão.

E você sabe-o.

Por isso tive o cuidado de no início do texto colocar:

(Não há profissão que não tenha gente com "pêlo na venta")

david santos disse...

Ola!
Zé, concordo. Como em tudo na vida, nas profissões há bons e maus.
Parabéns.

Alien David Sousa disse...

Zé, uma pessoa como essa nem merece ser chamada de ser humano, ponto um.
Ponto dois, deveria ser proibida de estar perto de crianças, quanto mais lecionar. Porque uma pessoa que maltrata uma criança uma vez, duas, vai fazê-lo para o resto da vida. Sempre que se descontrolar.
Um responsável por uma escola, não me venham com tretas, sabe o que se passa nessa escola porque os miudos começam a falar. Têm medo e falam. Se esse responsável não age, é tão covarde quanto a pessoa que abusa fisicamente.
Não é agredindo que se ensina. Pelo contrário, como tu referiste no texto.
É revoltante. Fico por aqui.
Saudações alienígenas

Eric Blair disse...

Pá, lamento mas perdi o início da saga.

maria disse...

... pois eu, que andei anos a trabalhar na formação inicial de professores... fico verde-agonía com estas histórias. Em boa verdade, em qualquer profissão há uns quantos imbecis e, numa profissão como a Professor/a, para mim, a mais exposta das profissões de exposição, sempre que aparece uma aberração a única coisa a fazer devia ser "cortar o mal pela raiz"! Mas as direcções das escolas, tantas vezes, são tão pouco eficazes... julgo que Portugal ainda vive numa dualidade trágica de medo/liberdade em que o medo tolda a verdadeira essencia da liberdade e a liberdade é tragada pela (tantas vezes) ausência de... não, não é ausência de medo, esse jamais será bom conselheiro, mas - ausência de razoabilidade. Repare-se, neste relato é afirmado que se trata de uma criança com fracos laços familiares, talvez vinda de uma casa "onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão..." logo, aquela coisa que devia ser o respeito incondicional pelo outro (que profs como essa dita desconhecerão) é trocado pelo medo e sua inexistência por falta de figura de autoridade: o possível encarregado de educação do tal miudinho que não deve ter quem muito olhe por ele... lá está, mal estar gera mal estar, agressão gerará revolta e dela sabe-se lá o que pode vir a sair...

Não há paciência...
Agora:
Sem dúvida, só alcançaremos a justiça social quando a educação se escrever com E e não na forma pequenina com que vem sendo dita, tratada e considerada por tantos e tantas organizações com responsabilidades maiores!

[... peço desculpa pela extensão... isto é um abuso! e vim eu aqui ter depois de ver o nome "lérias" no pé de meia a brincar... ufff...]

peciscas disse...

É claro que a violência só gera violência.
Mas a questão é que, actualmente, a escola e a sociedade perdem, gradualmente, valores e referências.
E, na ausência deles, subsistem comportamentos primitivos que surgem, a maior parte das vezes, da desorientação e da baixa auto-estima de docentes que, verdadeiramente, o não são.
Estive nesta profissão muitos anoa, assintindo a esta degradação que está longe de ter um reverso.

Anónimo disse...

Como no pude dejarte mensje en el post de la miseria en Portugal, te lo dejo acá.
Mientras el mundo tenga como objetivo solo el poder, por el poder mismo, las soluciones básicas de una sociedad van a estar esperando.
Veamos que el 20% de la humanidad mantiene al resto en índices bajos de standares de vida.

Anónimo disse...

O professor - e agora refiro-me aos do Básico - tem muita responsabilidade no êxito ou fracasso futuro dum miúdo de 8 anos, por exemplo.
Um caso concreto. O professor X castiga toda a turma porque não gostou duma atitude de indisciplina de um ou dois dos alunos.
Um miúdo, aluno desse "prof", acaba por confessar: "não tenho vontade de ir à aula na próxima segunda-feira";
- Então porquê?
- Não vamos ter intervalo.
- ?
- Fomos todos castigados por causa dum colega que se portou mal."
-
É assim que se aplica a psicologia que o "prof" há-de ter aprendido na Universidade?
Ora bolas!

Anónimo disse...

Comento aqui uma ideia do post anterior- na época do fascismo batia-se para não se deixar pensar. Arrisco dizer que agora pensam, pensam demais, pensam mal...ou só pensam que pensam e nem sequer sabem o que isso é. Sou uma professora do secundário pacífica, sensivel a até afectuosa. Mas só quem não conhece realmente a realidade actual pode ter a pretensão deste cenário ideal. Coloquem-se 6 horas num dia, 5 vezes por semana, 20 vezes por mês em frente às criancinhas e garanto que muitas das vossas teorias cairão por terra. Falta de educação, de postura, de atitude, e garanto que isso tb já acontece no 1º ciclo ( vulgo escola primária). Não defendo a violência, em qq uma das suas formas, mas confesso que saio muitas vezes das aulas ciente de que a minha sanidade mental é posta à prova, bem como a minha paciência. À excepção dos professores, acho que ninguém tem a noção do que se passa realmente.Não sei o que virá a seguir...não me ocorre nada pior do que já acontece. Essa professora bateu no menino...foi mau porque esqueceu o contexto familiar, porque possivelmente poderia ter recorrido a outros meios, ter 'chegado' à criancinha de outra forma! Mas o que eu gosto especialmente é daquelas criancinhas carentes, de seio familiar decadente, banhado a alcool e violência na maioria dos casos, que batem nos professores, chamam nomes, estragam carro. Está visto: não teria sido melhor termos tirado o curso de assistentes sociais??????? Não esqueço nunca as condicionantes sociais e afectivas dos alunos, mas acho que estamos a chegar a extremos. Tratamos os miudos nas palmas das mãos, com todo o cuidado porque como as coisas andam depressa passamos de heroi a bandido. Enfim...ao que chegámos.
abraço, vizinho!

zé lérias (?) disse...

david santos:
É isso, David, mas quando há comportamentos errados temos o direito de os denunciar, para que não proliferem.
Por exemplo: Eu já cometi erros e foi bom terem-me chamado a atenção para eles. Não sei se me corrigi como devia, mas alguma coisa ficou (no sentido em que me ajudou a fazer alguma autocrítica);

alien david de sousa:
Estou plenamente de acordo contigo.
Todos sabemos, infelizmente, que grande parte das pessoas, neste e noutros países, exercem profissões para as quais não têm perfil psicológico. Uma coisa é isso e a outra é essas mesmas pessoas terem comportamentos humanos desadequados muito graves e reiterados , como no caso do meu poste.

eric blair:
Não faz mal. Assim ganhaste tempo para outras coisas, talvez mais importantes.


maria:
Penso que tocaste nas principais razões que levam a situações como a que descrevi.
São as Direcções de muitas escolas que não são eficazes e
é esta dualidade quase trágica de medo/liberdade (herança salazarenta?) que nos vai tolhendo o discernimento. Para não falarmos de outras...

Peciscas:
Sim, também julgo que a violência só pode gerar mesmo violência, e é essa consciência que parece andar arredada da nossa sociedade (toda a sociedade, atrevo-me a dizer).
A escola e a sociedade perdem, gradualmente, valores e referências, é o que me parece, a mim, também.
Eu também penso que a desorientação e a baixa auto-estima de alguns docentes, devia ser detectada por quem tem a responsabilidade do ensino, para depois se tomarem as medidas adequadas sem prejuízos para ninguém.
Permite-me, porém, não estar totalmente de acordo contigo quando me dizes que tens poucas esperanças que a degradação do ensino não tenha solução nos tempos mais próximos. A não ser que o digas levando em conta as realidades políticas que nos envolvem... ou pior, nos envolveram no tempo da outra senhora.

maría inés:
Gracias por tus visitas. vuelve siempre!
Tienes razón quando dices, referiendote a otro texto:
"Mientras el mundo tenga como objetivo solo el poder, por el poder mismo, las soluciones básicas de una sociedad van a estar esperando", concepto que que puede ser aqui, también empleado...

asn:
Obrigado por trazeres esse outro exemplo que vem reforçar a ideia de que efectivamente "nem tudo vai bem no reino da Dinamarca"...
Primeiro são os pais que muitas vezes se demitem da sua responsabilidade de educar e depois vêm os professores que, muitas vezes, pelo jeito, não se estão para ralar, esquecendo os ensinamentos que por certo colheram para exercerem a profissão com eficácia e humanidade (dado que é suposto terem as "ferramentas" que faltam, até aos pais mais responsáveis).

no reino da fantasia:
Todos temos, sobre um assunto em discussão, pontos de vista que se podem complementar.
Creio que em relação às "Professoras de pêlo na venta" eles se complementaram no sentido em que cada um de nós contribuiu para um melhor esclarecimento deste fenómeno escolar, dentro dos conhecimentos, vivências (ou não) e pontos de vista de cada um.
Apesar disso, existirão sempre alguns pontos onde um ou outro poderá divergir salutarmente. Isto para dizer que estou de acordo com o essencial do que aqui escreveste (desculpa o tratamento blogueiro!), com excepção de alguns conceitos:
Por exemplo, quando falas das más condições de trabalho que os professores encontram nas salas de aula, derivadas dos comportamentos mais ou menos "terroristas" de alunos e outros factores, não estás a levar em conta as condições de trabalho (diversas das dos professores, é certo) das outras profissões tão honorabilizadas(?) como as do ensino (penso eu), como é o caso dos mineiros, dos operários (da construção civil, da indústria têxtil, do calçado, etc.) dos bancários, dos polícias, dos camionistas, dos pescadores, dos aviadores, dos cirurgiões, de advogados e outros recentes titulares de cursos superiores etc., etc. cujos ritmos e condições de trabalho, quando o há, são muitas vezes insuportáveis (em termos físicos, psicológicos e/ou intelectuais, conforme o caso.
É claro que aceito, sem pestanejar, que dar aulas a crianças problemáticas deve ser penoso, caso se queiram atingir bons níveis de ensino.
Se o Estado não criou ainda mecanismos suficientes para evitar esses comportamentos, temos todos que exigir a nós próprios lucidez, contestação, determinação, para que tal aconteça o mais rápido possível.
De qualquer modo penso que os professores, ao contrário da maior parte de outros profissionais, tiveram uma preparação específica, durante anos, para lidar com os problemas da sua profissão, nomeadamente, saber lidar com crianças.
Se não a tiveram ou a esqueceram, é grave.
Bom seria que as crianças se comportassem hoje nas aulas como no tempo de Salazar, salvaguardadas as devidas diferenças do ensino. Seria bom para os professores e para os pais, mas é utopia pensarmos assim. A liberdade responsável (ou irresponsável) é filha da Democracia. Temos que saber lidar com ela para que não pereça, fazendo tudo no sentido de dignificarmos, cada um de nós, a nossa própria profissão e reivindicarmos os nossos direitos colectivos... em prol duma sociedade nova que deste modo havemos de construir para os nossos netos ou bisnetos, sacrificando-nos um pouco hoje, em benefício desses vindouros.
No caso presente só pretendi levantar um problema grave: Uma criança, abandonada pelos pais e a cargo duma instituição (por determinação do tribunal), CARENTE, DE SEIO FAMILIAR DECADENTE, eventualmente BANHADO A ÁLCOOL E VIOLÊNCIA que até podia (mas não foi o caso) tentar BATER NOS PROFESSORES, CHAMAR-LHES NOMES E ESTRAGAR-LHES O CARRO, era batida repetidamente por uma professora, com conhecimento da Directora da respectiva Escola.
Segundo o meu ponto de vista, tal prática não pode ter defensores, como os grandes psicólogos actuais, e até do passado (como Maria Montessori, Freinet e outros), defendem.
Afinal estou para aqui a divagar e tu própria reconheces que "Essa professora bateu no menino...foi mau porque esqueceu o contexto familiar, porque possivelmente poderia ter recorrido a outros meios, ter 'chegado' à criancinha de outra forma!".

Para terminar te digo: Obrigado pelo teu poste. Deu, como os outros, para me estimular a dizer, possivelmente, montes de asneiras. De qualquer modo foi bom estar aqui.

Anónimo disse...

Pois é, Zé Lérias
Eu, às vezes, ponho-me a tentar dissertar sobre estas matérias ligadas ao Ensino, mas reconheço que o atrevimento é desproporcionado face à minha preparação na área.
Fui daqueles professores que, acabados de se formar numa área técnico/científica de nível médio/superior (como nós estávamos convencidos!...), telefonávamos, no princípio do ano lectivo, para uma Escola Industrial e Comercial e, logo de seguida, passavam-nos a chamada para o Director e ficavam logo ali estabelecidas as condições do pré-contrato de trabalho. Metíamo-nos à estrada e, no dia seguinte, começávamos a trabalhar.
Estávamos nos anos 60.
Nos anos 80 fiz mais uma digressão pelo Ensino Secundário durante dois anos, nessa altura, tenho que o reconhecer, os meus alunos eram do 12º ano, extremamente compreensivos e conseguimos formar uma autêntica equipa de trabalho. Ensinei o que sabia, pela minha experiência, mas também aprendi muito com eles. Tenho saudades dessa rapaziada! Foram dois anos, na Marinha Grande e em Leiria.
É por estas e por outras que não estou de acordo com os "castigos" a não ser em circunstâncias muito graves.
Infelizmente, os pais têm uma quota-parte muito grande na actual situação de indisciplina nas Escolas. É imperioso que se organizem para participarem mais, mas a saberem de cor e salteado qual o seu papel. Não é só ralhar, que a Escola não funciona, que os professores são uns incompetentes, que está tudo mal e eles não têm qualquer responsabilidade no que está a suceder.
Agora, aos 60 anos, dou comigo a tentar balancear a minha vida, talvez tenha feito uma opção profissional que não terá sido a melhor. Estou desmotivadíssimo com o nível intelectual e moral da maior parte dos nossos empresários. Já estou a ponderar seriamente se devo ou não retirar-me da minha actividade como TOC por conta de outrem, reformar-me, mesmo com uma BRUTAL penalização (9% mesmo com 40 anos de descontos para a Segurança Social!?...serviço militar prestado em zona de intervenção 100%).
E com esta, fico por aqui.
Peço desculpa pelas considerações longas e paralelas (algumas).
Um abraço a todos.
António

maria disse...

:)
Cá vim!!
Pois é... não me canso de falar da experiência que podia ter sido a escola em que me apercebi da importância (para o bem ou para o mal) das direcções!
É bom poder trocar ideias sobre estas coisas! Ajuda a ver que não estamos sozinhos!! :)