«A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, estimulando concomitante e muito intensamente o debate dentro daquele espectro... Isto dá às pessoas a sensação de que o livre pensamento está pujante, e ao mesmo tempo os pressupostos do sistema são reforçados através desses limites impostos à amplitude do debate».Noam Chomsky

"The smart way to keep people passive and obedient is to strictly limit the spectrum of acceptable opinion, but allow very lively debate within that spectrum - even encourage the more critical and dissident views. That gives people the sense that there's free thinking going on, while all the time the presuppositions of the system are being reinforced by the limits put on the range of the debate." – Noam Chomsky

It will reopen now and then.



22 de abril de 2007

As portas que ABRIL abriu



25 de Abril, sempre!




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14 de abril de 2007

O SIMPLEX


Por causa da saúde do Sr. Joaquim, o tal meu vizinho que caiu pelas escadas abaixo, fui hoje à tardinha ao serviço de urgências do posto local do Serviço Nacional de Saúde.

Por gentileza do clínico, foi aberta uma excepção para o caso do velhote, evitando-me assim ter que despertar de madrugada para conseguir nova consulta.

Fui muito bem recebida e, depois de passada a receita pretendida, ainda houve tempo para dois dedos de conversa.

Falámos dos diplomas de Sócrates. Ele é de opinião que o nosso P.M. é um homem competentíssimo para o lugar que ocupa.

A ele, médico, não lhe interessa se os diplomas em discussão foram conseguidos com ou sem favores.

Para reforçar a sua tese, admitiu até a possibilidade de, por exemplo, Jerónimo de Sousa ter entrado com cunha na Metalúrgica MEC ou ter conseguido tirar o 4º ano da Escola Industrial à base de favores.

Alegação que, por tão descontextualizada, me deixou intrigada. Mas enfim...


Saída do seu gabinete, dirigi-me a outro sector do Centro de Saúde.

Aí informei-me do que havia a fazer para o meu velho e acamado vizinho ter um novo Cartão de Utente, por ter extraviado o seu. Em substituição, tinham-lhe passado há muito tempo, uma espécie de credencial que ia utilizando cada vez que precisava. Mas já se encontrava em muito mau estado.

Posto ao corrente do que era necessário, tratei mesmo ali do assunto. Entreguei uma nota de cinco euros e devolveram-me o troco, bem assim como uma nova folha A4, pré-impressa, onde constava, escrito à mão, que substituía o Cartão em causa até o mesmo ser emitido.

Pensei cá para os meus botões:

"O médico é capaz de ter razão. Efectivamente isto foi muito simples de tratar. O "Simplex" é o máximo! Agora percebo porque ele estabeleceu a comparação entre o P.M. e o outro político, antigo afinador de máquinas. O homem, pelo jeito, nunca suportou as burocracias dos chamados países socialistas de Leste e daí, pimba! "


Saí satisfeita e já menos preocupada com o futuro deste país.
À saída, a caminho de casa, voltei para trás.


Tinha-me esquecido de perguntar à funcionária que me atendeu, a partir de que dia deveria voltar para que me entregassem o novo Cartão.

A resposta foi rápida:

"Isto está atrasado cerca de oito meses. Volte cá para o fim do ano, pode ser que tenha sorte!"...


Z'defa Fava

Engª.Obras Feitas

3 de abril de 2007

"À portuguesa"

O povão, esse que nem para comer quase tinha, está a ficar "fino", derivado à requintada cultura que emana dos seus governantes...
Apesar das "benesses" de que já desfrutava, por poder ir "aviar-se" em qualquer tipo de estabelecimento, desde que não "desvie" mercadoria de valor superior a 96,00 euros por dia (ver aqui), descobriu entre outros, um novo método para ter mais uns trocos. Eu conto:
O meu vizinho, um velhote solitário que está acamado há uns dias, veio bater-me à porta, arrastando-se com dificuldade, "pedir mais um favor", dizia ele.
Por isso, levantei-me hoje às quatro horas da manhã para lhe poder ajudar a marcar uma consulta médica no Serviço Nacional de Saúde, cujo posto fica a pouco mais de um quilómetro do nosso prédio.
As normas impostas pelo médico de família do meu vizinho (cada médico, aqui, impõe as suas regras!) não permitem que atenda mais de dez doentes por dia (das 8 ao meio dia).
Chegada ao Posto Médico, já lá se encontravam seis pessoas.
Uma mulher cinquentona, avantajada e de barriga proeminente, dirigiu-se-me dizendo:
"Olhe que você é a décima primeira a chegar, por isso é melhor ir andando..."
Confiei e fui-me embora, apesar de preocupada com a saúde do velhote, meu vizinho.
No dia seguinte voltei já avisada de que dessas seis pessoas que lá se encontravam no dia anterior, quatro delas se "desenrascavam" cobrando a cada interessado que as abordasse, dez euros por pessoa, para por elas se colocarem na fila de espera até às oito horas da manhã.
A estratégia resultava quase sempre, disseram-me, visto que se a situação fosse denunciada, logo aparecia - depois de avisado por telemóvel - um grupo de energúmenos com ameaças de confronto físico.
Se lhes perguntassem, como eu lhes perguntei ontém, onde se encontravam as outras quatro pessoas que estavam à minha frente, a resposta era rápida:
"Estão para aí nos carros, a descansar ou foram dar uma volta..."
Eram quase sete horas e meia da manhã de hoje, quando telefonei à minha filha para chamar um taxi e avisar o nosso vizinho de que se devia apressar para vir tomar a sua vez, e que o taxi estava a chegar.
Vinte minutos depois liga-me a minha filha, aflita, dizendo-me que o Sr. Joaquim tinha caído pelas escadas abaixo, desde o nosso andar, e fora levado de ambulância para o Hospital Distrital...
Z'défa Fava
engª. obras feitas